sexta-feira, março 11, 2011

Economista que previu a crise mundial diz que tremor no Japão é "a pior coisa no pior momento"

Nouriel Roubini diz que Japão vai ter que se endividar ainda mais para reconstruir estragos.


Um terremoto devastador que afeta a produção da terceira maior economia do mundo, o Japão, é a pior coisa que poderia acontecer enquanto o mundo ainda se recupera de uma crise financeira. Isso é o que diz o economista Nouriel Roubini, que ficou conhecido como o homem que previu a crise financeira de 2008 e por isso ganhou o apelido de “doutor apocalipse”.

Para ele, o tremor de 8,9 graus na escala Richter que atingiu o país nesta sexta-feira (11), deixando centenas de mortos, é “sem dúvida a pior coisa que poderia acontecer no Japão no pior momento”. Empresas pararam de funcionar, portos e aeroportos ficaram fechados, ferrovias e estradas sumiram do mapa.

Em entrevista ao canal de televisão Bloomberg, Roubini afirmou que o país deve cair em uma nova recessão. A opinião dele é de que os efeitos da queda da produção causados pelo tremor e pelos trabalhos de reconstrução vão aparecer nos próximos meses.

- No curto prazo, quando há um choque desse tipo, [é comum que ele cause] um enfraquecimento da atividade econômica. Certamente é a pior coisa que poderia ocorrer no Japão no pior momento.

O economista afirmou que o governo, sem dúvida, lançará um plano de estímulo fiscal para reestruturar a economia. O problema é que, depois da crise financeira de 2008, o Japão aumentou suas dívidas para mais de 10% de seu PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas no país) para enfrentá-la.

Ainda não há estimativas dos prejuízos causados à economia. Com portos e aeroportos fechados ou operando abaixo da capacidade, os grandes exportadores – entre eles Sony, Toyota, Honda, Mitsubishi, Hitachi - ficam sem ter como despachar a produção. E a exportação é o principal pilar da economia japonesa.

O Japão comemorava o fim da recessão e o início da recuperação econômica depois de ver seu PIB crescer 3,9%, em 2010, após dois anos de resultados negativos na geração de riquezas.

Apesar do dado positivo no ano passado como um todo, quando considerados somente os número do quarto trimestre a economia ficou pior do que o governo esperava. Entre outubro e dezembro, o PIB sofreu uma contração de 1,3% na comparação com o mesmo período de 2009 – mais que o 1,1% estimado.

No ano passado, o Japão viu a China se tornar a segunda maior economia do mundo, com PIB de R$ 9,8 trilhões (US$ 6 trilhões). As riquezas do Japão somaram R$ 9,07 trilhões (US$ 5,5 trilhões).
Para Roubini, o país já sofre com sua baixa produtividade e uma catástrofe como a desta sexta-feira (11) poderá jogar ainda mais incerteza no mercado, “derrubando a confiança das empresas e dos consumidores”, que são duas molas que impulsionam o desenvolvimento.

Para o presidente do Banco do Japão, Masaaki Shirakawa, a principal causa do baixo crescimento econômico recente é uma queda da produtividade. O tremor e o tsunami que varreram parte do país só pioram a situação.

Até as Bolsas de Valores ao redor do mundo sentiram os efeitos do sismo. Todos os mercados asiáticos encerraram os pregões em queda, com investidores preocupados com a “saúde” das empresas da região. Na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, as Bolsas operavam no negativo, refletindo o dia de maus negócios.


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